A viagem começou bem cedo. Eram quatro da manhã de sábado, 7 de Agosto, quando eu, jogadoras e restante comitiva começámos a chegar ao Centro Hípico da Quinta da Beloura. A saída para Saint-Lô, na Normandia, em França, estava marcada para as seis da manhã. Era hora de dar a última refeição em solo português às oito montadas e de carregar todo o material no camião que as levaria ao local do Campeonato da Europa de Horseball Feminino. E digo “todo” porque era mesmo muito. Três armários enormes, ração para mais de uma semana, feno, caixas com equipamentos de jogadores e montadas para quatro jogos. Até decorações levámos, como fitas com bandeiras portuguesas. Uma operação de logística onde não convém haver falhas.

Depois do material, foi a vez de embarcar os cavalos. Oito, tal como as jogadoras que integraram esta selecção. Tudo correu bem e o camião partiu pouco depois rumo a França. Quanto à comitiva, ainda era cedo mas a fome apertava e decidimos ir tomar o pequeno-almoço. Ainda bem que a Rosa Doce, em Lisboa, abre cedo. Há algo melhor que um croissant da Rosa Doce, com queijo, e um galão escuro para iniciar uma longa viagem? 🙂

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Após o pequeno-almoço as duas carrinhas fizeram-se à estrada, rumo a Dax, no sul de França, local onde os cavalos iriam passar a noite. O nosso ritmo era bastante superior ao do camião, não só pela velocidade mas também pelo número de paragens que este tem que fazer para dar água, feno e cenouras aos cavalos.

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Decidimos sair da auto-estrada espanhola e ir procurar um local para almoçar. E ainda deu para passar numa Media Markt para comprar um leitor de cartões USB, algo que andava para fazer há algum tempo mas ainda não tinha encontrado o leitor certo.

Na entrada em França cruzámos-nos com vários camionistas portugueses. Era hora de puxar um pouco pelas cores nacionais, ajudados pelo muito trânsito na zona das portagens. De repente vários camiões portugueses começam a apitar – os camionistas começaram a falar entre eles pelo rádio – e os automobilistas franceses ficaram um pouco à nora!

Pouco depois chegávamos a Dax. Procurar um sítio para jantar – o que nem sempre é fácil – e ficar à espera do camião, que chegou por volta da meia-noite local. Tratar dos cavalos, pô-los a descansar para depois tentarmos dormir um pouco. Literalmente pouco, que com o nascer do dia era altura de rumar a Saint-Lô.

Domingo, 8 de Agosto. Saímos para Saint-Lô. Mais uma vez podíamos fazer uma viagem descansada. Para ajudar, o TomTom de uma das carrinhas decidiu levar-nos pela rota mais longa, o que só descobrimos tarde demais. Nada de grave. Apenas perdemos a sesta que tínhamos programado fazer no hotel enquanto o camião não chegasse. Com o desvio acabámos por chegar apenas meia-hora antes dos cavalos.

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Se durante o dia de sábado e grande parte de domingo a viagem tinha sido calma – pelo menos na minha carrinha -, com a maioria das jogadoras a aproveitar para dormir, na aproximação a Saint-Lô a história foi outra. A excitação de chegar ao local do Campeonato da Europa tomou conta das jogadoras e o resultado não é agradável para os ouvidos.

 

Chegados ao Normandie Horse Show, tratámos de encontrar as boxes onde os nossos cavalos iriam ficar, para pouco depois chegar o camião e iniciarmos a última parte da viagem: o desembarque. Tudo correu sem problemas e enquanto as jogadoras tratavam dos seus cavalos, eu e os restantes membros da comitiva íamos tratando do material e da decoração e personalização das boxes.

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Com tudo pronto, rumámos ao hotel e descobrimos o restaurante meio-francês, meio-italiano mesmo em frente. Acessível e de boa qualidade, serviu de base para várias das nossas refeições. O dia estava terminado e o banho no hotel parecia um spa…

Segunda-feira, 9 de Agosto. O “inauguration day”. Um pequeno cocktail com apresentação das seis equipas participantes: Portugal, Espanha, Bélgica, França, Inglaterra e a estreante Holanda. Para nós foi também dia de fazermos algum trabalho com os cavalos, onde se incluiu um pequeno treino com bola de adaptação ao campo de jogo. Fomos a única selecção a realizar um treino com bola. Talvez os outros quisessem esconder o jogo…

Terça-feira, 10 de Agosto. Dia de arranque do europeu para quatro equipas. Nós e a Inglaterra apenas iríamos jogar na quarta-feira. No nosso grupo, Espanha e Bélgica entravam em campo. A Espanha que, segundo os comentários que me tinham chegado, acreditava na conquista do título. E a Bélgica que é sempre uma incógnita, pois pouco ouvimos falar deles fora dos europeus. Um jogo muito disputado, empatado ao intervalo – se a memória não me atraiçoa – e que a Espanha conseguiu vencer com mérito mas também com alguma dificuldade. No grupo B, a França não teve nenhuma dificuldade para derrotar a Holanda, apesar de lhes ter “dado” a primeira parte. As francesas entraram muito calmas no jogo e deixaram as jogadoras holandesas fazer alguns ataques, mas na segunda parte só deu França e o jogo acabou com 11-2 para a equipa da casa. Quanto a Portugal, mais um dia de trabalho para as jogadoras e cavalos. E para mim, que tinha o jogo do dia seguinte para preparar.

Quarta-feira, 11 de Agosto. Chegou o dia por que todos esperavam. A nossa estreia neste europeu e logo contra a Espanha. A estratégia estava definida. Na inspecção veterinária não houve problemas, o que se repetiu todos os dias. E com os oito cavalos em boas condições, tive de escolher as seis jogadoras para o primeiro encontro: Maria, Ana, Catarina, Tânia, Marta e Joana G. foram as escolhidas para defrontar as jogadoras espanholas. Um jogo onde não jogámos bem, onde cometemos muitos erros, mas em que a nossa garra fez a diferença. Ganhámos 6-5, com um golo no último segundo de jogo. A nossa festa contrastava com o desapontamento espanhol. No outro jogo, a França cilindrava a Inglaterra por 11-3. O nosso trabalho estava feito e antes de jantarmos ainda tínhamos os cavalos para cuidar.

Todos os cuidados são poucos durante um europeu. Argila e ligaduras nos membros, gelo, tudo para diminuir a acumulação de líquidos, inchaços e cansaço muscular. São verdadeiros atletas de alta competição. Amanhã há outro jogo importante, que nos pode dar a vitória no grupo.

Quinta-feira, 12 de Agosto. A Espanha liderava o grupo com quatro pontos, fruto do sistema de pontuação arcaico das regras internacionais: três pontos por vitória, dois por empate e… um por derrota. A lógica por detrás deste sistema é penalizar equipas que não compareçam aos jogos, algo que fazia sentido no início do desporto. Hoje, um sistema de um ponto por empate e zero por derrota, como no futebol, faz mais sentido e é o que usamos em Portugal. Só que no Europeu as regras são as internacionais. Em todo o caso estávamos empatados com a Espanha. Só tínhamos que entrar em campo para ter os mesmos pontos deles. Um empate frente à Bélgica já chegava para ganharmos o grupo, mas queríamos mais.

Analisámos o nosso jogo do dia anterior e identificámos as áreas a corrigir. O adversário do dia também foi avaliado e, com a lição estudada, fomos para o jogo. Para este dia decidi manter a equipa base, trocando apenas uma jogadora. Saiu a Joana G. e entrou a Natália. Quanto ao jogo, domínio desde o seu início com a nossa superioridade a nunca ser contestada. Resultado final de 9-3 e a passagem à meia-final onde iríamos defrontar a Inglaterra, que tinha assegurado o segundo lugar do seu grupo atrás da França, depois de vencer a Holanda por 11-2. Sabíamos que tínhamos jogado bem e isso permitiu que descontraíssemos um pouco…

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Sexta-feira, 13 de Agosto. O dia do tudo ou nada. Dia de azar para alguns. Dia de aniversário do Frederico, o chefe de equipa da selecção portuguesa. Preparámos este jogo com maior cuidado. Uma vitória dava-nos o acesso à final e a um lugar assegurado no pódio, algo que Portugal nunca tinha conseguido no horseball feminino. As bancadas estavam mais preenchidas do que nos outros dias. Nova troca na equipa, com a saída da Natália e a entrada da Joana G. Mais uma vez entrámos fortes no jogo. Bem defensivamente, apesar de ter sido a Inglaterra a primeira a marcar. Não conseguimos ganhar a nossa touche, mas pouco depois recuperámos a bola. E foi aqui que tudo se começou a desmoronar. Não tivemos cabeça para procurar o golo e à primeira (má) oportunidade rematámos. E falhámos. As inglesas aproveitaram e aumentaram a vantagem, o que nos desconcentrou ainda mais. Chegámos ao final da primeira parte a perder por 4-0. Nada bom.

Estávamos confiantes em dar a volta ao resultado, mas o início da segunda-parte veio piorar as coisas. Continuávamos demasiado nervosos em campo e a Inglaterra aproveitou novamente, chegando ao 6-0. Faltavam pouco mais de cinco minutos para o final da partida. Precisávamos de ter a bola em nosso poder e de não desperdiçar muito tempo na procura do golo. Voltámos a errar algumas vezes, mas conseguimos recuperar a posse de bola, até que o golo chegou. Imediatamente pedi o nosso desconto de tempo. “Vamos com tudo!” As inglesas mantinham-se fortes na touche e ganharam a posse de bola, mas ao entrarem em contacto com a nossa defesa deixaram-na cair. A Tânia recuperou-a – esteve irrepreensível na ramassage – e lançámos o ataque, concluído com um remate da Maria antes da defesa inglesa – algo que se tinha falado antes. Dois golos em menos de um minuto que nos fizeram acreditar. Nas bancadas ouvia-se “Portugal Olé!”. Touche para Inglaterra, mas a bola é roubada das mãos da jogadora inglesa pela Ana. Lançamos um ataque rápido. A bola cai mas é rapidamente recuperada, novamente pela Ana, que depois de uma reorganização atacante vê uma linha para a baliza e marca o nosso terceiro golo.

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Os ingleses acusavam a pressão e pediam desconto de tempo. Faltavam 3 minutos e 48 segundos para jogar. A pausa não acalmou os nervos ingleses, com a jogadora da primeira linha da touche a arrancar antes do apito do árbitro e a dar-nos a posse de bola. Penalidade para Portugal, no local ideal para uma jogada estudada e que resultou em golo. Marcador em 6-4 para Inglaterra. Em menos de dois minutos tínhamos marcado quatro golos. A passagem à final tornava-se cada vez mais possível. Outra touche e desta vez as inglesas recuperam a bola. Procuram o golo mas a defesa portuguesa não dá espaços. Até que decidem jogar com o cronómetro e parar o jogo. Das bancadas vêm muitos assobios. A garra portuguesa tinha contagiado o público. Pressionadas, as inglesas disparam para a nossa baliza mas não conseguem passar e, quando vinham atrás, um puxão leva o árbitro a assinalar uma penalidade a seu favor. Os ingleses pedem novo desconto de tempo mas só têm um por parte. No banco português todos chamamos a atenção do árbitro. Maria, a capitã, reforça os avisos. E ainda bem que o fizemos. Falta técnica inglesa e posse de bola para Portugal.

Da penalidade resulta o nosso quinto golo. Só faltava um, mas o cronómetro não pára e aproxima-se rapidamente do zero. A touche das inglesas é tendenciosa e cabe a Portugal o lançamento. Revendo o vídeo, parece que alguém escreveu o guião deste jogo. A bola é lançada para a nossa segunda linha, que estava isolada. Mas o lançamento sai fraco. A jogadora inglesa tenta agarrar a bola mas não consegue e esta ressalta para trás, para as mãos da Marta. Saímos rápidos para o ataque, mas a bola cai. Recuperamos. As inglesas caem quase todas em cima das nossas jogadoras. A Tânia vê uma hipótese de ir para a baliza mas faltava um passe e, avisada pelas outras jogadoras, não remata. O cronómetro está quase a zeros. Tânia para a Marta, Marta para a Ana e Ana novamente para Tânia, que encontra nova linha para a baliza e não desperdiça a oportunidade. É o empate, a poucos segundos do final do tempo regulamentar.

O jogo vai ser decidido em golo de ouro, num prolongamento de cinco minutos iniciado com um lançamento entre dois. As inglesas são fortes neste capítulo. Posse de bola para Inglaterra. A pressão defensiva das jogadoras portuguesas é imediata e as inglesas quase que são obrigadas a lançar o ataque. Ainda é assinalada uma penalidade a meio-campo para Inglaterra. Novo ataque inglês e um remate que vai ao aro, acabando nas mãos da Maria. Portugal pára o jogo, mas assim que tem espaço lança um contra-ataque, com a bola a passar pela Ana e Marta, que arrisca ir para a baliza, passa por toda a defensiva inglesa e marca o golo da vitória portuguesa.

Não consigo descrever o que senti naquele momento. É um jogo que vai ficar na história e só quem lá esteve sabe o que sentimos. Risos, lágrimas, abraços e beijos. A festa foi nossa e Portugal estava na sua primeira final de um europeu feminino. O adversário seria a França, que derrotou a Espanha por 9-6.

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Sábado, 14 de Agosto. O dia da grande final. Estávamos tranquilos. Tínhamos conseguido superar o nosso objectivo para este europeu. Queríamos estar no pódio. Conseguimos, no mínimo, um segundo lugar. A descompressão era evidente, fruto do resultado do jogo do dia anterior. Ao pequeno-almoço, eram as francesas quem acusava a pressão. Algumas, as mais jovens, nem acabaram o pequeno-almoço quando nós entrámos na sala. A responsabilidade era delas. Nós já tínhamos o europeu feito. Apesar de tranquilos, preparámos o jogo com todo o rigor. Sabíamos que a vitória seria muito difícil, mas não se entra num jogo para perder. Antes do jogo ainda participámos numa apresentação dos finalistas, no palco principal do Normandie Horse Show. Uma honra para nós.

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O primeiro jogo do dia foi para disputa do quinto lugar, entre Bélgica e Holanda, com vantagem para a formação belga, mais experiente. No jogo de terceiro e quarto lugares, a Espanha não deu hipóteses à Inglaterra. Restava o nosso jogo.

Duas trocas no seis escolhido. Saíram a Catarina e a Joana G., para entrarem a Natália e a Joana P. Para a Joana, a nossa jogadora mais jovem e que está a fazer o seu primeiro ano nos séniores, foi a oportunidade de jogar no europeu. Como ela própria o descreveu, foi uma “experiência enriquecedora e, neste dia, assustadora”.

O ambiente estava fantástico. Cerca de quatro mil pessoas. Música, luzes. Um verdadeiro estádio. Tocam os hinos. Primeiro A Portuguesa, cantada por jogadores, comitiva e público português. Depois A Marselhesa. As jogadoras são apresentadas e começa o período de aquecimento. Todas as luzes do recinto são ligadas e está tudo a postos para o início da final do Campeonato da Europa Feminino. Ramassage inicial para França que lança um ataque rápido, mas Portugal não treme. As francesas são forçadas a reorganizar o ataque repetidamente, até que os nervos não aguentam e fazem um remate sob a pressão da nossa defesa. Bola fora e penalidade para Portugal. E no seu primeiro ataque, Portugal marca o primeiro golo. A França volta ao ataque, mas Portugal mantém-se forte na defesa e volta a ter posse de bola, só que desta vez perde-a. Parece-me que houve um penalti não assinalado e, na resposta francesa, há um dado à França que me parece forçado. Mas é o jogo. Errámos e a França aproveitou para igualar. Voltamos a ter posse de bola, mas desta vez a pressão faz-se sentir nas nossas jogadoras e a França não desperdiça e volta a marcar. E a marcar. Ao intervalo, 5-1 no marcador.

A final está praticamente perdida. Recuperar seis golos em cinco minutos não é fácil, mas quatro frente à França, em dez minutos, parece uma tarefa ainda pior. O objectivo é aproveitar o que resta do jogo, mostrar as capacidades da nossa selecção e recuperar no marcador. A bola sai de Portugal e a segunda parte tem uma história totalmente diferente.

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A nossa selecção domina os derradeiros dez minutos de jogo, pressionando a defensiva francesa e não dando grandes espaços ao seu ataque. O último golo é de Portugal, após um penalti assinalado mesmo sobre o final do jogo. Vitória francesa por 8-5, com Portugal a superiorizar-se à França por 4-2 na segunda parte. A festa é francesa, mas também portuguesa, com as nossas jogadoras a agradecerem o apoio do público, o que deixa algumas jogadoras francesas algo confusas. Ambas as selecções festejam. A França mais um título europeu. Portugal o seu primeiro vice-campeonato num europeu feminino. Um segundo lugar totalmente merecido por estas jogadoras que deixaram o que tinham e não tinham em campo.

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Domingo, 15 de Agosto. O regresso. São 1750 quilómetros até casa, com nova paragem em Dax, para descanso dos cavalos. Tudo é mais fácil quando temos o sentimento de dever cumprido.

A chegada a Portugal deu-se ao início da tarde de segunda-feira. Os cavalos chegaram ao final da tarde. Tudo correu bem na viagem e agora resta-nos aproveitar o resto do Verão para recarregar energias.

Foi um grande europeu. Subimos vários degraus. Colocámos a nossa bandeira no pódio. E mostrámos que Portugal tem uma palavra a dizer no horseball internacional. Aproveito para deixar o meu obrigado a todos os que fizeram parte desta equipa, às jogadoras Maria Porto, Ana Batista, Joana Pais, Catarina Garcia, Tânia Campeão, Natália Simões, Marta Castro e Joana Gaspar, ao Frederico Cannas – o nosso chefe de equipa -, ao José João Campeão – que me deu uma ajuda nos treinos e na preparação dos jogos -, à Dada, Vasco Laranjeira e João van Uden por nos terem acompanhado e ajudado no que foi preciso. Também ao Sr. Zé e Sr. Manuel, que transportaram os nossos cavalos e ainda nos ajudaram durante a estadia em França. E aos familiares que marcaram presença em Saint-Lô e nos ajudaram a estar um pouco mais perto de casa. Este segundo lugar é de todos.

Porque somos uma Zema só!