Se há coisa que fui aprendendo com os anos que levo a mexer em computadores e afins, é que não existe algo como backups a mais. Felizmente não aprendi esta lição à força, pois sempre consegui resolver os problemas com os quais me fui deparando. Em alguns casos tive sorte, noutros tinha backups actualizados.

Sei que há muito boa gente que não segue esta máxima. Para eles, o simples facto dos dados estarem guardados no computador significa que estão seguros. Nada mais falso. Basta um disco que se estraga e lá vão anos de trabalho, música, fotografias e vídeos. O problema é que este cenário parece sempre distante. Se o disco está a funcionar agora, porque irá deixar de funcionar daqui a pouco? A minha resposta costuma ser “antes das coisas se avariarem, elas funcionam.”

Mas chover no molhado não serve de nada, por isso vou falar de backups. Em concreto, vou falar do backup que, finalmente, acabo de implementar no escritório. O nosso sistema é relativamente simples. Temos quatro computadores no escritório: dois iMacs e dois MacBooks. Para além disso, temos todo o trabalho armazenado num disco de rede. Este disco tem vários níveis de partilha: trabalho, gestão de clientes, gestão da empresa, etc. O sistema original foi implementado em 2006. Na altura os discos de rede ainda eram algo puxadotes, pelo que me decidi por usar uma NSLU2 com dois discos USB de 320GB. A NSLU2 servia de ponte entre os discos e a rede e permitia usar um dos discos como backup diário do outro. Ainda tinha um terceiro disco, idêntico, que usava para fazer um backup semanal que armazenava em casa. Escusado será dizer que este backup remoto raramente estava actualizado… Há poucos meses mudámos de escritório e aproveitei para renovar o sistema. Os discos já iam fazer quatro anos e mais vale prevenir do que esperar que os problemas aconteçam.  Os 320GB que tínhamos ainda eram suficientes, pelo que não era preciso algo muito maior.

Depois de várias conversas e pesquisas na web, decidi-me por uma Synology DS210j (entretanto substituída pela DS212j). É uma caixa com capacidade para dois discos, que podem funcionar em RAID como um único disco ou em redundância (gravação e leitura nos dois discos em simultâneo). A versão “j” é a mais acessível, mas pelas conversas que tive com quem sabe, e mesmo pedindo ajuda à empresa que me vendeu a caixa, foi a escolha mais acertada. As versões mais potentes fazem sentido para ambientes com mais acessos simultâneos ou quando a disk station é usada para algo mais do que apenas servidor de ficheiros (servidor web ou de aplicações, servidor de email, etc.). Restava preencher o espaço vazio na caixa e aqui decidi-me por dois discos Western Digital Caviar Black de 1TB. O desempenho máximo dos discos dificilmente será atingido dentro da Synology, mas os Caviar Black são mais sólidos e resistentes do que as outras versões. E de vez em quando acontecem acessos simultâneos a vários ficheiros, pelo que é bom saber que o disco foi pensado para uma utilização intensiva.

A configuração dos discos foi feita em RAID 1, o que significa que a informação é replicada nos dois discos, deixando-me com uma capacidade de armazenamento total de 1TB. É mais do que suficiente para as necessidades do escritório e no caso de um disco falhar o outro assegura que os dados estão seguros e podemos continuar a trabalhar.

Então e se os dois discos falharem?
É para isso que temos outra disk station. Neste caso uma Synology DS109j (modelo actual: DS112j). É semelhante à DS210j, mas com capacidade para apenas um disco. Aqui optei por um Western Digital Caviar Green de 2TB. As necessidades de desempenho desta caixa são bem menores, por isso pude ir para um disco mais económico. O Caviar Green tem a vantagem de poder diminuir a sua velocidade para se tornar mais silencioso e gastar menos energia. Escolhi um disco de 2TB pois vou utilizar backups incrementais. Isto significa que, após o primeiro backup, apenas os ficheiros alterados vão sendo gravados, mas vão sendo deixadas as versões anteriores. Se algum ficheiro for apagado e só dermos por isso uns dias mais tarde, ele estará guardado no disco de backup. E sempre fica espaço livre para arquivar alguma coisa.

O backup é feito remotamente e de forma automática. Em resumo, a DS210j liga-se pela net à DS109j e faz o backup. Apenas o primeiro backup convém ser feito localmente, ou ficaria vários dias à espera que estivesse concluído. A fibra ainda não chegou ao escritório…

E os computadores?
Para o backup da informação nos computadores optei pela solução mais prática. Substituímos a nossa base wireless (uma AirPort Express) por uma Time Capsule. Sim, o modem que usamos também tem um ponto de acesso WiFi, mas sempre preferi uma base da Apple e nunca me dei mal com elas.

OK, mas o que é a Time Capsule? Não é mais do que um ponto de acesso WiFi com um disco lá dentro. Algo que é possível fazer com equipamentos separados, mas este tem a vantagem de poupar no espaço, cabos e configurações. Todos os computadores do escritório usam o mais recente sistema operativo Mac OS X, que inclui o Time Machine. Este é um sistema de backup automatizado, que funciona com discos externos ou com discos de rede (como a Time Capsule) e faz backups regulares de hora a hora. Se algum ficheiro for perdido, podemos ir buscá-lo à Time Machine. E se algum computador decidir lixar mesmo tudo, a informação está segura e basta fazer uma recuperação de todo o sistema (já me aconteceu). Isto significa que até a informação nos portáteis está segura sem que o utilizador tenha que fazer alguma coisa. Basta estar ligado na rede da empresa, por cabo ou WiFi que o sistema trata de fazer o backup.

Neste sistema todo só me falta um backup remoto da Time Capsule, mas é algo que, à partida, não é essencial. No caso dos portáteis, como estes não ficam no escritório, a informação está segura se acontecer alguma coisa ao backup. Quanto aos iMacs, só há problema se acontecer um incêndio ou roubo. E mesmo nesse caso a informação principal, os trabalhos, estão seguros no backup remoto do disco de rede.

Agora só espero que este sistema cumpra o seu objectivo: nunca ser preciso. 🙂