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História da Carris

Com esta história de quererem acabar com a Carris, tenho descoberto algumas pérolas, que aproveito para partilhar aqui. Estou certo que farão a delícia de muita gente.

Começa pela página (não sei se oficial) da Carris no Facebook. Apesar de aparentemente se encontrar esquecida, tem uma galeria com muitas fotografias onde podemos percorrer a evolução dos autocarros em Lisboa. Vale a pena a visita.

Outra pérola é uma colecção de guias informativos da Carris, publicados entre 1949 e 1985. Os guias estão digitalizados com as capas e praticamente toda a informação do seu interior, incluindo as informações sobre o tarifário, horários, passes sociais, carreiras e os seus percursos. Até informação especial sobre o impacto do futebol nos horários das carreiras.

As dificuldades de trânsito criadas por grande número de veículos em circulação, especialmente em arruamentos estreitos como os que dão acesso ao Estádio da Luz, provocam atrasos difíceis de vencer.

Para evitar que o público dê entrada no campo demasiado tarde, a CARRIS organiza carreiras extraordinárias com bastante antecedência.

Se aproveitar os primeiros autocarros, quase sempre com muitos lugares, chegará a tempo.

Eu quero a Carris em Lisboa

Há dias fiquei abananado com a notícia de que o Governo pretende fundir a Carris e o Metro, juntando as duas empresas e criando a Empresa de Transportes de Lisboa. Não pela medida em si – até vejo com bons olhos esta fusão – mas sim por se ir matar a Carris (o Metro não me faz muita diferença).

A história da Carris
Com o nome de Carris de Ferro de Lisboa, dá para perceber que a génese da empresa não são os autocarros. Foi fundada em 18 de Setembro de… 1872 e começou com carruagens sob carris puxadas por cavalos.

Em 1901 começou a funcionar a primeira linha de carros eléctricos, entre o Cais-do-Sodré e Algés. Em 1905 toda a rede estava electrificada.

A inauguração da tracção eléctrica satisfez completamente o público que, em grande número, concorreu a presenciar o importante melhoramento, a elegância luxuosa dos carros, a comodidade que oferecem aos passageiros e a rapidez da marcha.

A história é longa, com os autocarros a começarem a surgir em 1944, com actualizações ao longo dos anos. Foram verdes, laranja, amarelos e até bi-colores. E os míticos autocarros de dois andares, com vários modelos ao longo dos anos. O que eu gostava de ir lá para cima. 🙂

E não podemos esquecer os ascensores, uma imagem tão característica de Lisboa, talvez até mais que os eléctricos.

Olhando hoje para a Carris vemos uma empresa moderna e com um serviço de qualidade, que tem vindo a apostar continuamente na sua imagem e na comunicação junto dos seus clientes. Tem um site “mobile” com muita informação. Tem um museu que aconselho que visitem (pelo andar da coisa vou lá passar outra vez nos próximos tempos). Tem “modernices” como a informação do tempo de chegada dos autocarros em grande parte das paragens.

A Carris foi mesmo reconhecida como uma das melhores empresas para trabalhar em 2011 o que, para uma empresa de capitais públicos, é obra. E há várias outras distinções que podem ser consultadas no site da Carris.

Tem dívidas? De certeza. É impossível uma empresa de transportes públicos dar lucro. A quantidade de serviço público que tem de efectuar acabará sempre por dar cabo de quaisquer resultados. Carreiras para servir sítios onde quase não há clientes. Horários alargados. Tudo isso pesa. Se a Carris pudesse centrar-se apenas nas carreiras e horários que dão lucro… Mas mesmo neste ponto a Carris tem sabido fazer as coisas de uma forma positiva. A rede da madrugada é um bom exemplo.

Eu quero a Carris, pá!
Quando ouvi o ministro Álvaro Santos Pereira falar em acabar com a Carris, nem queria acreditar. Isto é típico de um académico que só sabe olhar para números. Não duvido que se consigam poupar recursos ao juntar a Carris e o Metro. Não duvido que se consigam melhorar processos e o próprio serviço com esta fusão. Mas matar a Carris é estúpido! É matar uma grande parte da história de Lisboa. É dar cabo do bom trabalho que a empresa tem vindo a desenvolver nos últimos anos. Algo que, curiosamente, o Metro não tem sabido fazer.

A minha sugestão para o ministro: mantenha a Carris e integre nela o serviço do Metro. Só o serviço, que a administração do Metro pode ir fazer outra coisa. De preferência no sector privado.

Acredito sinceramente que os utilizadores dos transportes públicos de Lisboa ficariam contentes por saber que o metro passaria a ser gerido pela Carris. Eu sei que ficaria.