Vemos petições para tudo. Queremos um circo livre de animais (21 340 assinaturas), mas também queremos que o colete encarnado não seja cancelado este ano (222 assinaturas). Ambas sem antenas 5G por perto, porque queremos proibir isso (3329 assinaturas). E para ajudar a passar o tempo que estamos em casa, exigimos que a Netflix inclua a Anatomia de Grey na oferta para Portugal (626 assinaturas).
Depois há coisas que apelam ao espírito português que há em nós, porque “OS SUPERMERCADOS TÊM DE APOIAR PORTUGAL”. A petição tem 19 515 assinaturas e começa por dizer que “Todos os portugueses fazem a sua parte, os supermercados também têm de fazer.” Basicamente querem que os supermercados comprem mais aos produtores nacionais. OK… a forma mais fácil de o fazer é comprar produtos portugueses. Simples, certo? Não é como por um like ou inserir um email numa petição, mas também não é ciência espacial.
Pelo meio mostram como vamos ser invadidos pelos exércitos de Covid-19 espanhóis, porque a “GNR encontra camionistas contaminados” e “Sabemos que o vírus pode sobreviver até 3 dias nas embalagens plásticas ou no metal dos camiões”. O normal. É daquelas petições que me passa à frente dos olhos e não me faz parar. Excepto num pormenor.
Deparei-me com isto através de post patrocinado no Facebook. Promover petições através de publicidade não é grave. Só que o caso muda de figura quando a petição em causa é anónima. Foi criada pelo “Projecto Compre Português”, que não é mais que uma página de Facebook sem identificação dos seus autores e que tem como único contacto uma conta de Gmail. Isto significa que alguém pagou para promover esta petição, mas não dá a cara pela mesma, sendo impossível perceber o que está por detrás de tudo isto. Podia ser um simples vigilante das redes a querer incentivar ao consumo de produtos nacionais. Mas, a pagar, tem de ser algo mais que ainda não conhecemos. E convém ficar atento. Vão assinar sem pensar?