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Um Governo sem tomates

Ainda estou à espera da confirmação oficial, mas a ser verdade o que para aí vem nos jornais, a este Governo falta-lhe um grande par de colhões. A alteração das taxas do IVA em alguns produtos vem mostrar que para Passos e Companhia é fácil atacar o rendimento das pessoas. O difícil – se não impossível – é dizer não a alguns grupos económicos.

Não sou contra a alteração nas taxas do IVA. Por mim, produtos como batatas fritas, doces e refrigerantes podem perfeitamente passar para o patamar dos 23%. Não são bens essenciais e são até prejudiciais à saúde. Quem os quiser pode pagar mais uns Euros por eles (8 por cada 50 Euros, para ser exacto). Isto se algumas empresas não assumirem pelo menos parte do aumento.

Já a história do leite com chocolate faz-me confusão. De repente o leite com chocolate passou a ser o alimento principal das crianças, com vários argumentos a dizer que o aumento da taxa neste produto ia prejudicar a sua alimentação e que a oferta de leite com chocolate pelas escolas estaria em risco. Presumo que estariam a falar das escolas pública. Ora, neste caso, sendo um investimento do Estado, pagar mais IVA vai deixar o dinheiro… no próprio Estado. O que interessa é dizer balelas para causar a confusão. Já quem compra leite com chocolate tem duas opções: faça a bebida em casa, com dois produtos cujo IVA deverá ficar nos 6%, ou beba leite simples. Ou então pague um ou dois Euros extra se consumir um pacote todos os dias. Basta escolher a marca para decidir quanto quer pagar a mais.

Depois vem a história do vinho. Mas esta deixo para uma próxima oportunidade. Passos Coelho já terá confirmado a taxa do leite com chocolate mas ainda não li nada que indicasse que fez o mesmo sobre o vinho. Notícias encomendadas é o que mais vemos, como aconteceu no início do ano com a história do IVA no golfe, e tudo o que se fala sobre o vinho pode muito bem ser apenas uma campanha do sector.

Mas o objectivo é que no IVA reduzido fiquem apenas os produtos alimentares (carne, peixe, frutas, hortícolas, cereais e lacticínios simples, azeite ou ovos) bebidas simples (como água não engarrafa) e medicamentos. Na prática, Pedro Passos Coelho praticamente recupera a lista de mudança de taxas que Teixeira dos Santos queria colocar no OE/2011 mas que acabou por ser retirada por imposição do PSD.

Subidas de taxas à parte, o principal é que este Governo impediu o Governo anterior de fazer a mudança das taxas em 2011. Na prática perdemos um ano de receitas adicionais. Vamos ver quem irá Passos Coelho culpar desta vez.

Eu quero a Carris em Lisboa

Há dias fiquei abananado com a notícia de que o Governo pretende fundir a Carris e o Metro, juntando as duas empresas e criando a Empresa de Transportes de Lisboa. Não pela medida em si – até vejo com bons olhos esta fusão – mas sim por se ir matar a Carris (o Metro não me faz muita diferença).

A história da Carris
Com o nome de Carris de Ferro de Lisboa, dá para perceber que a génese da empresa não são os autocarros. Foi fundada em 18 de Setembro de… 1872 e começou com carruagens sob carris puxadas por cavalos.

Em 1901 começou a funcionar a primeira linha de carros eléctricos, entre o Cais-do-Sodré e Algés. Em 1905 toda a rede estava electrificada.

A inauguração da tracção eléctrica satisfez completamente o público que, em grande número, concorreu a presenciar o importante melhoramento, a elegância luxuosa dos carros, a comodidade que oferecem aos passageiros e a rapidez da marcha.

A história é longa, com os autocarros a começarem a surgir em 1944, com actualizações ao longo dos anos. Foram verdes, laranja, amarelos e até bi-colores. E os míticos autocarros de dois andares, com vários modelos ao longo dos anos. O que eu gostava de ir lá para cima. 🙂

E não podemos esquecer os ascensores, uma imagem tão característica de Lisboa, talvez até mais que os eléctricos.

Olhando hoje para a Carris vemos uma empresa moderna e com um serviço de qualidade, que tem vindo a apostar continuamente na sua imagem e na comunicação junto dos seus clientes. Tem um site “mobile” com muita informação. Tem um museu que aconselho que visitem (pelo andar da coisa vou lá passar outra vez nos próximos tempos). Tem “modernices” como a informação do tempo de chegada dos autocarros em grande parte das paragens.

A Carris foi mesmo reconhecida como uma das melhores empresas para trabalhar em 2011 o que, para uma empresa de capitais públicos, é obra. E há várias outras distinções que podem ser consultadas no site da Carris.

Tem dívidas? De certeza. É impossível uma empresa de transportes públicos dar lucro. A quantidade de serviço público que tem de efectuar acabará sempre por dar cabo de quaisquer resultados. Carreiras para servir sítios onde quase não há clientes. Horários alargados. Tudo isso pesa. Se a Carris pudesse centrar-se apenas nas carreiras e horários que dão lucro… Mas mesmo neste ponto a Carris tem sabido fazer as coisas de uma forma positiva. A rede da madrugada é um bom exemplo.

Eu quero a Carris, pá!
Quando ouvi o ministro Álvaro Santos Pereira falar em acabar com a Carris, nem queria acreditar. Isto é típico de um académico que só sabe olhar para números. Não duvido que se consigam poupar recursos ao juntar a Carris e o Metro. Não duvido que se consigam melhorar processos e o próprio serviço com esta fusão. Mas matar a Carris é estúpido! É matar uma grande parte da história de Lisboa. É dar cabo do bom trabalho que a empresa tem vindo a desenvolver nos últimos anos. Algo que, curiosamente, o Metro não tem sabido fazer.

A minha sugestão para o ministro: mantenha a Carris e integre nela o serviço do Metro. Só o serviço, que a administração do Metro pode ir fazer outra coisa. De preferência no sector privado.

Acredito sinceramente que os utilizadores dos transportes públicos de Lisboa ficariam contentes por saber que o metro passaria a ser gerido pela Carris. Eu sei que ficaria.

Na próxima edição da National Geographic: Ascenção e queda do português comum.

Descubra aqui em quem votar nas eleicoes

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Visto no Macacos. Como diz o Pedro Couto e Santos, “e este tipo, não está disponível para governar?” Por mim pode ser Primeiro Ministro e Presidente num só. E acumular os dois salários.

Desta vez não voto em branco

Não tenho cor política. Não voto em partidos. Sempre votei em pessoas. Nas pessoas em quem, num determinado momento, acredito. Noutros momentos voto naquelas das quais duvido menos. E quando não acredito em ninguém, voto em branco. Mas sempre, sempre, vou exercer o meu direito de voto.

Serve isto para explicar porque, nestas eleições presidenciais, não vou votar em branco, apesar de não acreditar em ninguém. Talvez duvide menos do Fernando Nobre, mas só porque não é político.

Não voto em branco por causa do Cavaco. Não votei nele e nunca votarei! Não me esqueço de que foi durante os seus governos que cavámos o buraco onde estamos agora. Sim, temos uma rede de auto-estradas de fazer inveja. Mas o que vendemos para ter esses milhares quilómetros custaram-nos a nossa agricultura e a nossa pesca. Deram cabo das pequenas empresas, base da nossa economia.

Dizem que o Cavaco fez grandes coisas. A vender o país, para que a CEE nos desse o dinheiro que deu, também eu fazia essas auto-estradas. Não nos podemos esquecer de que, quando entrámos na CEE, a Espanha não era muito diferente de nós. Em Espanha, o país aproveitou as ajudas. Cá, muitos encheram os bolsos à custa das ajudas… e de todos nós, que ainda andamos a pagar a brincadeira.

Votarei em qualquer candidato que não o Cavaco. Não interessa se é no Alegre, se no Nobre ou no Coelho. Interessa é que seja mais um voto a pesar contra os votos no Cavaco. O número elevado de candidatos só joga a favor dele. Mas se se chegar a uma segunda volta, serão só dois e aí logo se vê. Para se lá chegar o Cavaco não pode chegar aos 50% dos votos. E é por isto que não voto em branco.