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From the world to your plate, no The Independent

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O problema de Portugal é genético

Se há coisa em que os portugueses são bons é no saudosismo. Fala-se de Portugal e logo vem alguém com os descobrimentos, e a lenga-lenga de “dar novos mundos ao mundo”. Sim, é verdade que já fomos uma grande potência mundial. Mas soubemos aproveitar a posição onde nos encontrávamos? Não. Pior, quando um português tem de tomar uma decisão, normalmente escolhe a opção errada.

E não se pense que isto apenas aconteceu na época dos descobrimentos. Tudo começou mesmo antes de Portugal existir. Aliás, começou até antes de Cristo ter nascido. Estou a falar do Viriato. O Viriato, para os mais esquecidos, foi um dos chefes dos Lusitanos (a tribo, não os cavalos). E o que fez o Viriato? Lutou contra a invasão romana, infligindo pesadas derrotas aos vários exércitos romanos que tentavam conquistar esta parte da península. Uma conquista que durou 200 anos e onde os Lusitanos foram uma das maiores dores de cabeça para os romanos. Então, mas isto é bom, não é? É mais um motivo de orgulho nacional, embora ainda não houvesse Portugal, certo? Errado!

Os romanos eram o povo mais evoluído. Tinham uma tecnologia, arquitectura e legislação que estava vários séculos à frente dos outros povos. Tinham água canalizada. Tinham organização. Tinham cultura. E o Viriato, que também era pastor e andava de calhau em calhau pelas serras das Beiras, provavelmente imundo, decidiu continuar no conforto dos calhaus e toca de mandar os romanos embora. Em abono do Viriato pode-se dizer que vários outros povos fizeram o mesmo. O resultado? Toda a evolução que os romanos nos podiam ter proporcionado foi pelo cano abaixo. Basta ver que antes do nascimento de Cristo os romanos viviam bem melhor que grande parte da Europa mil anos mais tarde. Não é por acaso que a idade média também é conhecida por idade das trevas…

Depois temos o Afonsinho. O D. Afonso Henriques decide chatear-se com a mãe e cria um novo país. O resultado? Em vez de termos um único país na Península Ibérica, mais forte, com melhores recursos, temos dois. Um grande – com espaço para fazer tudo e mais alguma coisa -, outro pequeno – que ficou com algumas das melhores zonas, é certo – mas que, em termos económicos, é limitado pelo tamanho do seu mercado. Bastava o Afonsinho não se ter chateado com a mãe, mas não, tinha de se armar em puto rebelde.

Esta decisão do Afonsinho acaba por ter um impacto em tudo o que se fez dali em diante. Falemos então dos descobrimentos. Portugal foi pioneiro, com a Espanha a seguir-lhe as pisadas. Nós descobrimos o caminho marítimo para a Índia, o Brasil e mostrámos ser possível dar a volta ao mundo por mar. Os espanhóis descobriram a América e mais umas coisas. Depois assinámos o Tratado de Tordesilhas, onde literalmente entregámos o ouro ao bandido. Nós ficámos com as especiarias, chás, cacaus e outras coisas do género, enquanto que os espanhóis ficaram com o ouro. Nem a porcaria dos diamantes soubemos aproveitar!

Feito o resumo, voltemos atrás. Imaginemos que o Afonsinho e a mãe, depois de algum tempo de birra, tinham decidido ir jantar fora e colocar um calhau sobre o assunto. Não seríamos portugueses. Poderíamos ser iberos. Teríamos descoberto o caminho marítimo para a Índia, para fugir aos perigos do transporte terrestre. Teríamos descoberto todo o continente americano. Em resumo, seríamos reis do mundo, qual Leonardo DiCaprio na proa do Titanic. Teríamos à mesma as especiarias, chás, cacaus e ouro. Seríamos a maior potência mundial. Seria provável que os Estados Unidos nunca tivessem chegado a existir. A Inglaterra ou Holanda não teriam grandes hipóteses com as suas colónias, pois os iberos estariam em todo o lado. Mas não, o Afonsinho tinha que se chatear com a mãe. E o Viriato tinha que não gostar de banho…

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