Terminado mais um fim-de-semana de horseball, onde se realizaram as jornadas finais dos Campeonatos Nacionais Challenge (sub-16) e Trophy (2ª divisão sénior), achei que era chegada a altura de escrever um pouco sobre um projecto que arrancou em 2010.

Um projecto de equipa de horseball que arrancou prematuro devido a um conjunto de factores e indecisões que tiveram lugar no final de 2009 e início de 2010, altura em que estava prestes a arrancar a nova temporada. A época de 2010 ficou em risco. Digamos que, no início, a equipa tinha um chefe de equipa, um treinador e uma jogadora sub-16. Felizmente os jogadores, pais e familiares (incluindo tias) com quem tinha trabalhado, durante quase dois anos e meio, apadrinharam este novo projecto e apoiaram-no. Bem como Tiago Barreto, que nos acolheu no seu clube hípico e que procurou, em tempo recorde, dar-nos todas as condições necessárias.

De uma jogadora, passámos a cinco sub-16, quatro deles já com títulos de campeão no bolso. Nos séniores as incertezas eram maiores, mas mesmo assim arriscámos. Fomos ao sorteio dos campeonatos nacionais com duas equipas: ‘Equipa 5’ nos sub-16 e ‘Equipa 4’ na segunda divisão sénior. Não tínhamos nome.

A marca
Nem nome e muito menos cores, logotipo ou sequer equipamentos. Isto quando faltava menos de um mês para o arranque dos campeonatos. Foi uma corrida contra o tempo. Primeiro passo: encontrar um nome para a equipa. Vários estiveram em cima da mesa, mas queríamos ser diferentes. Não queríamos o tradicional ‘horseball daqui e dali’ ou ‘xpto horseball team’. Queríamos um nome com força, com garra. Algo que nos permitisse criar uma marca. Um nome que não deixasse dúvidas. E assim surgiram os Lobos, de nome completo ‘Lobos do Monte da Lua’, já que a equipa está situada no Clube Hípico do Monte da Lua. Próximo passo: logotipo, escolher cores e desenhar equipamentos.

A base para o logotipo era fácil. Um lobo, ou um pormenor. Alguns desenhos, alguns testes, e a imagem frontal de um lobo foi a solução escolhida. Mas a marca é mais do que um símbolo. O lettring também foi alvo de trabalho, com as letras a serem afinadas e personalizadas. O resultado é um logo com potencial, que pode ser utilizado de várias formas sem nunca se perder a identidade da equipa.

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A cor base foi o castanho – uma das cores possíveis para a pelagem de um lobo – conjugado com o laranja e branco. Um esquema cromático simples e de cores quentes. Também importante é a facilidade de encontrar equipamento de passeio/treino, como tshirts, sweat-shirts e polares nestas cores.

Com uma imagem criada, foram desenhados os equipamentos. O principal em castanho bem escuro e o alternativo em laranja. Que os nossos jogadores têm que aparecer em campo com estilo. 🙂 Alguns apontamentos em branco e na cor complementar ajudam a personalizar o equipamento. Outro pormenor, pela primeira vez utilizado num equipamento de horseball em Portugal (não sei se lá fora também), foi a colocação dos números dos jogadores nos ombros.

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Faltava ter os equipamentos a tempo dos primeiros jogos, no fim-de-semana de 13 e 14 de Fevereiro. Era importante a equipa aparecer devidamente equipada e não com umas camisolas ‘para desenrascar’. Para mais no sorteio dos sub-16 calhou-nos um primeiro jogo contra a Quinta de Santo António, o adversário mais difícil. Fica aqui um agradecimento à Casa Senna que não nos deixou ficar mal.

O arranque dos campeonatos
Tivemos apenas três semanas antes dos primeiros jogos. E a chuva constante não nos deixava treinar no picadeiro exterior, ficando limitados a um picadeiro coberto demasiado pequeno para um treino de horseball. Os nossos sub-16 foram para o primeiro jogo – um dos dois jogos mais importantes do campeonato – praticamente sem treinar. Nem uma baliza existia ainda. Entrámos em campo nervosos mas sabendo que tínhamos dois anos de trabalho em conjunto. Apesar dos novos equipamentos, já éramos uma verdadeira equipa. Foi aí que os quatro jogadores – a quinta jogadora só começou mais tarde – foram buscar forças para vencer o jogo. Apenas por um golo (7-6) mas que valeu três pontos muito importantes.

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Nos séniores a coisa estava mais tremida. Cavalos novos que não estavam em forma – e não tivemos tempo suficiente para melhorar – cavalos novos que nunca tinham feito um jogo, jogadores com póneis em vez de cavalos e um jogador que tinha feito dois treinos e teve de fazer parte do quatro base… porque não havia mais. O resultado foi o esperado: derrota por 8-2 com a Quinta de Santo António B.

Participar, jogar e evoluir
Depois das primeiras jornadas houve mais tempo para treinar – assim que a chuva acalmou -, novos jogadores a entrar para o projecto e pormenores importantes como uma casa de arreios exclusiva para a equipa.

No início de Março fomos à Trofa para mais duas jornadas séniores. Quatro cavalos apenas (mas já todos cavalos). Tudo corria bem quando um dos dois atrelados fica parado na A1, perto da Mealhada. Ainda são uns quilómetros valentes. Três da manhã e toca de ir buscar o atrelado e levar os cavalos para o seu destino, onde chegámos pelas sete horas. Tratar dos cavalos e rumar ao hotel para o pequeno-almoço. Dormir é para meninos! Apesar de tudo, um bom jogo no sábado – apesar da derrota – e a primeira vitória no domingo. Balanço positivo do primeiro fim-de-semana fora da zona de Lisboa. Segunda-feira acho que não fiz grande coisa…

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Os sub-16 tiveram mais sorte, apanhando jogos com equipas mais acessíveis, o que permitiu ter fins-de-semana mais descansados. Isto até ao novo jogo com a Quinta de Santo António. Era o tudo ou nada. Uma vitória praticamente assegurava o campeonato. Foi um dos melhores jogos sub-16 vistos em Portugal. Luta do início ao fim. Mudanças na liderança do marcador, remates falhados de parte a parte. Teve de tudo. Mas os meus miúdos foram gigantes. Vitória por 7-4 e sentíamos que o título estava muito  próximo. A confirmação veio três semanas depois, na jornada que disputámos na Ovibeja. Estava conseguido o primeiro campeonato para os Lobos.

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Crescimento e evolução da marca
Durante os campeonatos fomos afinando a marca e aproveitando para a tornar mais forte. Lançámos o site da equipa. Fizemos um flyer de divulgação da Escola de Horseball e estivemos presentes com um stand num fim-de-semana de horseball na Beloura.

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Recta final alucinante para os séniores
As atenções viravam-se agora para os jogos dos séniores. Depois da vitória em Trofa e de um empate com Santo António na Beloura, acreditámos que podíamos alcançar o segundo lugar. Não era o objectivo inicial – esse era participar, melhorar e aprender, sem nos preocuparmos com vitórias – mas passou a ser a meta atingir. E as jornadas na Azambuja foram um ponto de viragem. Jogo frente à equipa da casa, última classificada na altura mas com apenas menos um ponto que nós. Pela primeira vez conseguimos levar cinco jogadores. Ainda com um pónei, mas permitiu-nos rodar a equipa, deixar jogadores e cavalos respirarem, o que é importante. Um belo jogo com um resultado que não deixou dúvidas: 10-1. No domingo o jogo não se previa tão fácil. Novo jogo com Santo António, com quem estávamos empatados na classificação depois dos jogos do dia anterior. Foi um bom jogo, com uma excelente primeira parte nossa (4-0) mas que não teve igual correspondência na segunda parte. Vitória por 8-3, que nos deixava em desvantagem no confronto directo.

Chegámos ao último fim-de-semana do campeonato. O que terminou ontem. Primeiro jogo frente aos líderes e já campeões: o Horseball Clube de Campo B. Queríamos ganhar. Queríamos ser a primeira equipa a quebrar a sua invencibilidade. Não conseguimos. Tivemos menos um cavalo em campo – devido a lesão – que compensámos com um pónei. E que pónei! Fez uma entrada pela direita que deixou a defesa deles colada ao chão! 🙂 Mas não chegou. Perdemos por um e a vitória da Quinta de Santo António perante a Azambuja deixou o segundo lugar por decidir na última jornada.

Partíamos em igualdade pontual, mas Santo António ficava à frente neste cenário. O primeiro jogo foi o deles. Perderam com o Clube de Campo. E assim, no último jogo do campeonato apenas dependíamos de nós para ser vice-campeões. Nervos. Muitos nervos. Mas a certeza de que o trabalho de casa estava feito. Qualquer que fosse o resultado, a participação no campeonato tinha saldo positivo. Mas é diferente quando se ganha. Sabe melhor. Os sorrisos aparecem com maior facilidade. E assim foi. Vitória por dois golos: 7-5. Vice-campeões Trophy no ano de estreia. Três jogadores subidos dos sub-16. Duas jogadoras de 19 anos que nunca tinham feito um campeonato desde que saíram dos sub-16. E um jogador que fez dois treinos e deu tudo para permitir que entrássemos no campeonato com quatro jogadores em campo. Uma medalha de prata que sabe melhor que outras de ouro que já conquistei.

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Dá gosto trabalhar com miúdos deste calibre. Verdadeiros Lobos. Com garra. Só lhes posso agradecer os grandes momentos que já passámos e todos os que ainda teremos juntos. Aos subs Bernardo Barreiros, Ricardo Freitas, Sara Duarte, Mafalda Nascimento e Sofia Marta. E aos séniores Joana Perestrello, Joana Nascimento, Diogo Vaz, Sofia Freitas, Beatriz Santos, Samuel Estevão e Marta Freitas. Vocês são enormes!

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E agora que venha a Taça de Portugal!