Pelo título não é difícil adivinhar sobre o que vou escrever. Paulo Bento foi um dos meus ódios de estimação no Sporting e, infelizmente, acabou aos comandos da Selecção Nacional. Admito que lhe dei o benefício da dúvida quando começou, depois de ter visto partir José Peseiro fruto dos maus resultados no final da época. Para mim uma das piores decisões da anterior direcção leonina, só equiparada à insistência em manter Paulo Bento como treinador. Com Peseiro o Sporting jogava bem, impunha-se a grandes equipas europeias e quase ganhou a UEFA e o campeonato. Errou e em vez de lhe darem uma hipótese de aprender com os erros, o Sporting, com o apoio de muitos adeptos, decidiu mostrar-lhe a porta de saída. Brilhante.
Mas Peseiro não está no título deste texto e o meu ódio é mesmo com Paulo Bento. No Sporting teve um bom primeiro ano, que hoje vejo mais como um aproveitar do trabalho feito por Peseiro que outra coisa. À medida que o tempo passava, a equipa jogava cada vez pior. E não me venham com os segundos lugares. Se fomos a segunda equipa portuguesa com Bento, foi porque o Benfica estava ainda pior que nós.
O que me irrita em Bento não é apenas a sua falta de qualidade como treinador. Isso foi evidente no Sporting e tem-no sido na selecção. Só não vê quem não quer. O que me irrita mesmo é a enorme falta de capacidade de liderança. De motivação de uma equipa. No Sporting foram vários os atritos com jogadores, e sempre com os melhores. Lembro-me de problemas com Liedson, que não foi posto de lado porque o seu peso era maior que o de Bento. Lembro-me de problemas com Stojkovic, provavelmente o melhor guarda-redes que passou por Alvalade nos últimos anos. De problemas com Izmailov, dos melhores médios que Bento tinha à sua disposição, assim como Simon Vukcevic que também foi posto de lado. Eu diria que há aqui um padrão: Bento não tem mão para os jogadores de peso do plantel e a sua solução para gerir os problemas é eliminar o jogador. Daí a baixa qualidade de muitos dos jogadores que o Sporting tinha. São fáceis de gerir.
Bento não só é um péssimo líder, como é rancoroso. E a selecção, infelizmente, tem sofrido com isso. Liedson foi completamente posto de lado. Sou contra a naturalização de Deco e Liedson (Pepe, para mim, é mais português que muitos), mas a partir do momento em que está feita, aproveite-se! Claro que Bento era incapaz de chamar Liedson depois da sua posição em Alvalade ter sido posta em causa pelo mesmo. No final quem sofre é a nossa equipa, que tem agora em Postiga o ponta-de-lança de referência. Mas o caracter de Bento não ficou por aqui. José Bosingwa, provavelmente o melhor lateral direito português, foi posto de lado tendo o próprio vindo dizer que com Bento não voltava a meter os pés na selecção.
É do conhecimento público que ele é um treinador conflituoso com os seus jogadores. Por muito que me custe, enquanto o seleccionador de Portugal for este não voltarei a vestir a camisola da Selecção. Disse e repito: trata-se de um treinador conflituoso que, na minha opinião, não tem capacidade emocional e mental para liderar um grupo de homens.
Terá Bosingwa passado das marcas anteriormente? Até pode ter sido, mas a atitude de Bento não resolve nada. Para a mesma posição teríamos também Miguel, lateral direito titular do Valência. Mas também deve haver algo que Bento não gosta nele. Ficamos reduzidos a João Pereira…
Depois veio o caso de Ricardo Carvalho. Terá amuado, feito birra e deixado a comitiva sem aviso. Isso pode ser tudo verdade, mas um verdadeiro líder tinha pensado no bem da equipa e salvo o jogador sem que se soubesse de algo cá fora. Falava com Carvalho, fazia-o regressar, resolvia o problema e tudo continuaria normalmente, mesmo que fosse castigado internamente. Mas acho graça quando vejo adeptos e comentadores a defender a posição de Bento, criticando Ricardo Carvalho. Será só nas equipas de Bento que há vedetas e miúdos mimados? Será que o Real Madrid não os terá? De certeza, mas Mourinho mete Bento num canto e sabe gerir essas situações. No Manchester United também haverá vedetas, mas Ferguson também as sabe gerir. E se isto parece apenas uma desculpa, lembrem-se das declarações de Cristiano Ronaldo no mundial de 2006 enquanto estava em Manchester:
Não vou ficar no Manchester United. Depois do que aconteceu com Rooney, não posso ficar lá. Em alguns dias terei meu futuro decidido e quero ir para o Real Madrid.
Se fosse Bento à frente do United, Ronaldo teria sido posto de parte enquanto não fosse comprado. O que fez Ferguson?
The angry reaction from the English press caused Ronaldo to consider leaving United, and he allegedly told Spanish sports daily Marca that he wished to move to Real Madrid. In response to the speculation, Ferguson sent Portuguese assistant manager Carlos Queiroz to speak to Ronaldo in attempt to change his mind, a sentiment that was shared by Rooney. Ronaldo stayed, and signed his new five-year extension in April 2007.
É assim que se vêem os grandes líderes. Não destruindo uma equipa por quezílias pessoais, mas resolvendo diferendos e aproveitando os talentos para tornar a equipa mais forte. Mas muitos dos que acham Ferguson “um senhor”, acabam por apoiar as posições de Bento.
Feitas as contas, a verdade é que Portugal já devia estar qualificado para este Europeu, mesmo depois do péssimo início na fase de qualificação. A verdade é que Portugal devia ter ganho na Dinamarca em vez de fazer uma exibição vergonhosa.
Mais uma vez, temos de decidir a qualificação no último jogo, algo que em casa até temos conseguido fazer. E algo que seria bem mais fácil se Bento não fosse tão casmurro.