Fazer uma análise a um aparelho novo em folha é banal. É algo que se encontra em qualquer recanto da web. O que não é tão fácil de encontrar são análises exaustivas a produtos, com algum tempo de uso. Sobretudo com uma utilização real, que relate os problemas que vão aparecendo, que mostre o desgaste e como o aparelho se aguentou contra o passar dos anos. Em prol de uma web mais completa, analiso aqui o meu MacBook 13" Unibody, depois de quatro anos e meio de testes.
Exterior
Os modelos unibody, do qual este MacBook foi uma das primeiras versões, são verdadeiros tanques de combate. A “caixa” *esculpida* a partir de uma única peça de alumínio confere-lhe uma rigidez que se faz notar mal se pega no portátil. A estrutura não cede, não dobra. Não há o ranger habitual dos anteriores MacBook, que já por si eram sólidos. Nem há comparação possível com portáteis de plástico. É um portátil firme e hirto como uma barra de ferro alumínio e assim continua passado todo este tempo.
A resistência a riscos também é grande. Este meu companheiro anda de mochila quase todos os dias e, ignorando algumas manchas de sujidade, apenas tem uns pequenos riscos. Ao escrever esta análise decidi dar-lhe uma limpeza e posso dizer que passava bem por novo se fosse tirado de uma caixa. Isto se se ignorassem os riscos num dos cantos da tampa, fruto de uma pancada maior.
Por fora quase tudo está igual a como o comprei. Os LED indicadores de carga da bateria funcionam. A luz de sleep continua a pulsar em repouso. Todas as portas mantém-se perfeitamente funcionais, sem peças partidas ou folgas. O único problema que tive até agora foi um dos pés de borracha que saltou e teve de ser colado. Não ficou exactamente como novo mas não cria problemas, mesmo apoiado numa mesa.
Bateria
Esta é uma das áreas onde não há milagres. As baterias têm vida limitada. Um número de ciclos em que devem funcionar bem, vindo depois a diminuir a sua capacidade de aguentar uma carga. A bateria foi um dos componentes que fui obrigado a trocar, para manter uma boa utilização do MacBook. Para além da perda de capacidade, ainda apanhei uma bateria que inchou e quase fazia saltar a tampa inferior. A bateria actual tem mais de um ano e apenas 94 ciclos completos de utilização. Curiosamente indica uma carga de 4311 mAh, mais que a informação original da Apple sobre este modelo (4167 mAh). Em uso normal, dá-me 3 a 4 horas de utilização. Perto das 5 horas com uma utilização mais cuidada. Não chegando perto dos modelos actuais, mesmo assim é aceitável. Ah! E qual a melhor forma para poupar a bateria? Usar o adaptador de corrente. Quanto menos ciclos forem utilizados, menos desgaste na bateria.
Ecrã
O ecrã é LED, com treze polegadas (dah!) e 1280×800 pixeis (sim, escrevo pixeis). Muito semelhante aos modelos actuais. Após quase 5 anos continua sem manchas, riscos ou pixeis mortos. A fiabilidade de cor e ângulos de visão são os normais para um portátil Apple. Acima da média, mas não chegam perto de um bom monitor de secretária. Tem menos brilho que os novos, algo que não me incomoda nada. No escritório uso um monitor externo e quando uso o portátil é raro ter o brilho no máximo. Até costuma estar abaixo de metade da intensidade. Mas isso já é uma mania minha.
Teclado e Trackpad
O já tradicional teclado das teclas-chiclete. Agradável de usar e, no modelo que escolhi, com teclas retro-iluminadas. O que há a dizer sobre este tipo de teclados? Adoro! Quem nunca usou um destes tem de experimentar. As teclas continuam todas no sítio certo e a funcionar bem. apenas o plástico está um pouco mais polido em algumas partes e mais sujo noutras. 🙂
Quanto ao trackpad, este foi dos primeiros modelos com a actual tecnologia de trackpads multitouch em vidro. Agradável de usar, preciso e com alguns truques escondidos que valem a pena descobrir.
O clique físico deixa algo a desejar (um problema comum nestes primeiros modelos), falhando algumas vezes, sobretudo quando é necessário um clique prolongado. Não me incomoda muito pois para o uso “normal” prefiro o clique por toque.
Disco e Memória
Aqui já não posso analisar o modelo de 2008. Este MacBook vinha com 2GB de RAM e um disco rígido de 250GB. Nos primeiros dias coloquei-lhe 4GB, que considero o mínimo para usar um computador actual em condições. Hoje tenho 8GB, depois de descobrir que este modelo os suporta, apesar da versão oficial dar como máximo os 4GB.
Também o disco foi mudado. Primeiro quando o primeiro disco morreu – e fui salvo pelo Time Machine. Na altura coloquei um disco de 500GB a 7200rpm. Mais tarde virei-me para um SSD de 256GB e a minha vida nunca mais foi a mesma. De um momento para o outro, este MacBook de 2008 ganhou uma nova vida e teve um salto de desempenho significativo. Passou de um computador que se aguentava para uma máquina que dá resposta a praticamente qualquer pedido. Ligar o computador, abrir apps, abrir e gravar ficheiros… tudo o que implique trabalho do disco é extremamente rápido. É verdade que este MacBook tem uma ligação SATA de 3Gbps ao invés da mais actual ligação de 6Gbps, o que talvez limite o disco em alguns usos. Mas porra, esta coisa é rápida! E com 8GB de RAM, só há algo que o pode limitar…
O processador
O cérebro deste MacBook é, provavelmente, a sua maior fraqueza. Um Intel Core2Duo a 2,4 GHz, que fica bem atrás dos actuais Core i5 e i7. Mesmo assim cumpre bem a sua função, sobretudo atendendo aos seus quase 5 anos.
E não pensem que facilito. É comum trabalhar com ficheiros gráficos de dezenas, ou mesmo centenas, de megas. Várias vezes tenho de exportar trabalhos com vários metros a 150 dpi. Acho que o maior que criei tinha 750 MB. Um ponto a favor é ter uma gráfica dedicada, a NVIDIA GeForce 9400M com 256 MB. Fraca para os standards actuais, mas bem melhor que as gráficas integradas de outros modelos da mesma altura. Também faço alguma edição de vídeo e ocasionalmente uso o MacBook para projecção de animações e vídeos em eventos, usando o projector como segundo ecrã. Não sendo um topo de gama, cumpre sempre. E sim, admito: também uso o Twitter e Facebook.
Antes de ter o SSD tinha apontado 2013 como o ano para mudar de portátil. Depois desse upgrade este MacBook tem-se portado tão bem, que nem sei se não vou esperar mais 2 anos.
Em resumo, é uma máquina que continua a fazer tudo, sem (grandes) soluços. Os problemas que tive nestes quatro anos e meio contam-se pelos dedos de uma mão. Troquei a bateria, o disco morreu e caiu-me um dos pés de borracha. Tirando o tempo extra que pode demorar a processar acções no Photoshop e afins, não vejo motivo para ir a correr comprar um MacBook mais recente. Talvez mude de discurso depois da WWDC, mas a ideia de gastar dinheiro num novo modelo deve-me passar em 15 dias.