Eram 2h30 da manhã de sexta-feira 2 de Julho. Verifiquei se tinha posto tudo nas malas e sai de casa rumo à Arruda dos Vinhos, o ponto-de-encontro dos três carros que fariam a viagem de 625Km até Villamartin de Campos, perto de Palência, em Espanha. Dez pessoas – entre mim, jogadoras e pessoal de apoio – e seis cavalos. A hora de saída estava marcada para as quatro da manhã. Saímos 25 minutos mais tarde, o que até nem foi mau. Esperavam-nos sete horas de viagem pela frente.
O grande inimigo seria a fadiga e o sono. Por isso nada como parar logo na área de serviço de Santarém (com melhor oferta e mais barata que a de Aveiras, segundo uma das pessoas da comitiva). E tenho que lhe dar razão. Um belo croissant aquecido com fiambre e um galão bem escuro. Também houve quem fosse à loja da bomba de combustível comer um rissol e assim, mas gostos não se discutem.
Tomado o pequeno-almoço, fizemos-nos à estrada. Pela A1, A23, Vilar Formoso e A62 em Espanha. Mas antes de Espanha parámos para dar o pequeno-almoço aos cavalos. Água e cenouras, o pequeno-almoço digno de uma top model.
Terminada a operação, voltámos à estrada, parando apenas para por combustível. A chegada a Villamartin de Campos, nos arredores de Palência, deu-se por volta das 12 horas, confirmando as sete horas de viagem (há que ter em conta a diferença horária entre Portugal e Espanha). Descarregar cavalos, tratar deles e arrumar tudo, para depois rumar ao hotel para um banho e uma curta sesta. Ainda deu para ver o Brasil a ser eliminado do mundial pela Holanda. Ao final da tarde regressámos a Villamartin para um treino leve. Ainda pensámos que íamos apanhar uma valente molha, dada a chuva que teimava em não parar, mas afinal era o sistema de rega do campo. Quando estávamos prontos para rumar ao campo… desligaram a rega. 🙂
Se por um lado foi bom não apanhar uma molha, por outro a ausência de chuva fez com que os mosquitos voltassem em força. Para além dos jogos, também fomos a Espanha servir de banquete à mosquitagem! E a mosquitagem estava com fome…
Final do dia com um belo repasto numa pizzaria em Palência. Pena o pesto estar demasiado salgado… bebia qualquer coisa que houvesse na mesa, até a água que ficou de um copo com gelo.
Sábado, 3 de Julho. Era o arranque do Torneio Internacional Feminino de Horseball de Palência. O nome oficial é Copa Ibérica, mas com uma equipa francesa acho melhor chamar-lhe torneio internacional. O nosso jogo teria lugar às 19 horas locais, um horário estratégico para que se possa ver o jogo da Espanha com o Paraguai para o mundial de futebol. O nosso primeiro adversário seria a equipa francesa de Lacanau, que vieram sem os seus cavalos, utilizando cavalos da equipa de Palência. As jogadoras mostraram uma boa técnica e organização, sendo um bom primeiro teste para a selecção portuguesa.
Mas antes ainda fomos à procura de um restaurante com comida típica. À falta de McDonald’s, fomos para o Burguer King. Opção rápida e em conta.
Ainda deu para fazer umas compras. Águas, bolachas, gomas e… peúgas! Nada como ir tudo de igual para o jogo. 😉
Durante a tarde ainda voltámos ao hotel para a conversa antes do jogo e para descansar um pouco. Horas de sono a menos não perdoam. Estava tudo pronto para o o meu primeiro jogo à frente da selecção nacional feminina de horseball.
Quanto ao jogo teve duas partes distintas. Uma primeira parte em que entrámos no jogo demasiado apáticos, com falta de objectividade no ataque e algumas falhas defensivas que não podem acontecer. Ao intervalo estava 2-2 no marcador. Na segunda parte fomos mais equipa e dominámos claramente o jogo, que vencemos por 8-4. Um bom primeiro teste mas com muitas coisas ainda por melhorar. Isto colocava-nos na final frente à equipa de Palência, que tinha ganho à equipa de Madrid por uns expressivos 10-1. No final do dia aproveitámos para ver o vídeo do jogo e tentar corrigir já algumas coisas para o dia seguinte. Outras só com mais trabalho.
Domingo, 4 de Julho. Acordar cedo para tratar dos cavalos e ter jogo logo a seguir. Estava marcado para as 10h30. O pouco sono dos últimos dias não ajudou, mas tudo correu bem. Até ao início do jogo…
Entrámos muito fortes defensivamente, logo com um roubo de bola no primeiro ataque adversário. Mas ofensivamente as coisas não saiam. Demasiada apatia e perdas de bola. Falhas ao nível dos passes e remates, às quais se juntaram demasiadas falhas na ramassage e um jogo que poderia ter sido dominado do início ao fim acabou por se tornar complicado. Empate a um golo ao intervalo. Uma segunda parte um pouco melhor deu-nos a vitória por 4-2, mas o sentimento geral era que podíamos ter feito muito mais.
O saldo do torneio é positivo. Serviu para identificar as áreas que necessitam de um maior trabalho. Por um lado, ainda bem que aconteceram os erros. Antes surgirem aqui do que só no campeonato da europa, onde não há grande margem para dar a volta. Agora é analisar estes dois jogos com mais calma e começar a trabalhar para o europeu, que vai ter lugar entre 10 e 14 de Agosto, em França.
Antes disso ainda tivemos mais 625Km de regresso a casa. Um pouco mais lentos, que o cansaço acumulado era muito. Agora, depois de cinco fins-de-semana de horseball seguidos, vou poder respirar um pouco. Mas não por muito tempo…