“Uma revista é um iPad que não funciona”
Hoje são as crianças. Amanhã os que estiverem na Casa dos Segredos.
Uma colheita do que de melhor se faz na net, também com produção caseira
“Uma revista é um iPad que não funciona”
Hoje são as crianças. Amanhã os que estiverem na Casa dos Segredos.
Aos poucos a Apple vai melhorando o iPad. Nada de que não se estivesse à espera. É desta forma que a Apple funciona. Lança um produto que se vende a si mesmo e, pouco a pouco, vai melhorando-o. Sempre sem grande pressa e de forma segura. O iOS 4 vai chegar ao iPad e logo aí vêm muitas novidades. E agora chega uma novidade externa, à qual a Apple abriu a porta. Está disponível o VLC para iPad. Um dos mais populares leitores de vídeo, com suporte para a maioria dos codecs, chega ao iPad. Isto significa que o iPad já suporta DivX e outros codecs similares.
A minha dúvida é se, quando for lançado o iOS 4, o VLC vai suportar o AirPlay. Isso significaria que se podia fazer streaming de praticamente qualquer formato de vídeo deste o iPad para a nova Apple TV. Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.
iPad+Velcro=♥
Quando o iPad foi lançado, em Janeiro, vi nele um grande potencial. Não apenas em termos de aplicações e tarefas que poderiam passar a ser, de forma mais simples, feitas num iPad e não num portátil ou computador de secretária. Vi o potencial para alterar a forma como utilizo um computador fora do trabalho.
No escritório não há volta a dar. Preciso de uma estação de trabalho fixa, com teclado, rato e um monitor dedicado. Isto apesar de, neste momento, o centro dessa estação de trabalho ser um MacBook, mas que mais não faz do que alimentar o resto. Já em casa, levando o portátil comigo, o uso que dou ao computador é completamente distinto. Andar na web, ler os feeds, ver e enviar emails, escrever um ou outro texto – como este que está a ser escrito depois do jantar – aceder ao Facebook e Twitter, mantendo sempre o messenger ligado. O uso típico não foge muito disto. De vez em quando aproveita-se para despachar um ou outro trabalho ou até ver um filme ou episódio de uma série. Tudo isto pode ser feito num iPad.
Facebook e Twitter é óbvio, seja no browser, seja através de aplicações próprias. Web e email idem. Os feeds também têm aplicações dedicadas ou mesmo o Google Reader – que pode ser considerado uma web app, mas isso são outras discussões. Os textos, como este, poderão ser escritos num iPad. Se necessário, usando o teclado com doca, algo que pode ficar na secretária de casa para quando for preciso dar mais uso aos dedos. O iPad como leitor de vídeo é talvez das funcionalidades mais badaladas. Ora, ficam a faltar duas coisas: o messenger e o trabalho ocasional.
Se no caso do messenger, devido ao Facebook e Twitter, o uso que lhe dou já não é o mesmo – e se for muito necessário há aplicações que permitem o acesso a várias redes no iPad -, já o trabalho ocasional pode ser a funcionalidade mais difícil de substituir. Quando falo em trabalho não estou a falar em escrever um texto ou trabalhar numa folha de cálculo, algo que com o iWork acaba por poder ser feito com relativa facilidade se o objectivo não for um trabalho intensivo. Estou a falar de usar ferramentas de profissionais como o Photoshop e Illustrator. Ou mesmo despachar algum trabalho de webdesign. Apesar de se tratar de código que pode ser feito num simples editor de texto, fica a faltar a parte de visualizar os resultados do que estamos a fazer. Aqui pode haver um compromisso, que até acaba por limitar mais o local de trabalho, com alguns benefícios no tempo livre disponível. E para pequenas coisas há sempre a possibilidade de aceder, via remote desktop, ao computador do escritório.
Mas é quando se junta tudo isto, sobretudo numa utilização diária, que o iPad começa a mostrar as suas limitações actuais. A falta de multitasking – no sentido que damos à palavra quando pensamos num portátil, por exemplo – acabará, estou certo, por tornar a experiência algo limitada. Peguemos no exemplo deste texto. Estou a escrevê-lo, mas acabo de reparar que o Facebook Notifications tem algo de novo e, rapidamente, vou ver o que é, abro automaticamente a página respectiva do Facebook para ver em pormenor, para em poucos segundos estar de volta à escrita. Algo que no iPad não é assim tão fluído. O mesmo acontece com o Twitter, com o email, etc. Por mais rápido que o iPad seja a fechar e abrir uma nova aplicação, não é o mesmo que clicar no Facebook Notifications, abrir uma nova tab do browser para fechá-la quando já não é precisa e estar de volta à tarefa anterior. Falta-lhe talvez algo como as notificações ao estilo do Web OS da Palm.
É verdade que o iPhone OS 4 trará algum multitasking e uma simples barra de tarefas (pelo menos no iPhone), mas são processos que ficam a correr, não tanto as aplicações. Pode ser suficiente em alguns casos, mas é algo que prefiro esperar para ver como se irá comportar em situação de uso real. No iPhone tudo isto passa bem, até porque não o usamos como usamos um portátil durante horas seguidas. No iPad a conversa é outra.
Estas novas funcionalidades do sistema operativo dos iPhones e iPads vão obrigar os programadores a alterarem as suas aplicações. Se algumas terão suporte para as novidades desde o primeiro momento, outras só serão actualizadas mais tarde – basta olhar para a aplicação do Facebook para iPhone, que está parada há meses. Por outro lado, parece que o iPad só irá receber o novo sistema no Outono e não lá para Junho/Julho, data em que é esperado que saia o novo iPhone e seja disponibilizada a actualização do sistema. Talvez a Apple queira aproveitar o tempo extra para melhorar o multitasking num aparelho como o iPad, que acaba por ser bem diferente de um iPhone? A confirmarem-se estes dados, lá para o fim do ano volto a analisar a utilização de um iPad como ‘computador’ principal em casa.
Se juntarmos estas peças todas – e o facto do iPad ainda nem sequer estar disponível para encomenda em Portugal – estamos a falar de um aparelho anunciado em Janeiro, que estará disponível, com sorte, durante o mês de Junho, cujo novo sistema operativo só chega no Outono. E é provável que, poucos meses depois, chegue um novo modelo. Portanto, valerá a pena atirar-me já de cabeça? Ou será preferível esperar pela segunda versão do iPad em vez de ter, durante alguns meses, uma experiência limitada, embora uma boa experiência?
Não tenho dúvida de que o iPad é fantástico. Desde o momento em que Steve Jobs o apresentou que decidi que vou ter um. Mas, da mesma forma que não comprei o iPhone 3GS por considerar que a sua mais valia perante o iPhone 3G – que ainda tenho – não justificam o investimento, acho que prefiro continuar a usar apenas o MacBook, em vez de ter um iPad para umas coisas e o MacBook para outras. Já quando sair a nova versão, serei dos primeiros a fazer a encomenda.