Tudo bem que não foi um mega congresso de vários dias e com milhares de pessoas a assistir. Mas foi uma verdadeira pedrada no charco dos congressos e conferências onde tudo é excelente e cheira a rosas. No passado sábado fui assistir ao primeiro World Failurists Congress, nome pomposo – e jocoso – para uma conferência onde o tema principal foi exactamente o falhanço. Como diz o Celso Martinho, Portugal é um país onde se consegue estigmatizar o falhanço e penalizar o sucesso. E coube ao Celso a abertura do painel da manhã, onde apresentou dois dos seus falhanços pré e pós-SAPO e, sobretudo, mostrou como é importante não cortar logo as pernas de alguém só porque falharam uma vez. Ou seis.

Da manhã destaco também a apresentação de Ricardo Diniz, navegador solitário que meteu na cabeça que ia iniciar uma volta ao mundo no último dia da Expo 98. Falhou esse objectivo, já destruiu alguns barcos contra contentores mas tem muitos outros sucessos que são resultado de todo o seu trajecto de vida. Falhanços incluídos.

Depois do almoço, Fernando Alvin foi o orador certo para evitar ressonanços. Apresentou alguns falhanços mas, sobretudo, mostrou que o mais importante é dar a cara e responder por eles, não deixando que o falhanço se torne mais importante que aquilo que se tentou construir. O Festival Termómetro continua cá. Já o Joaquim Chissano não, mas a culpa não foi do Alvin.

Também bem interessantes as apresentações da Jonas e do Pedro Aniceto. A Jonas, apesar de ter revisto em baixa as expectativas para a sua apresentação, foi das poucas que trouxe falhanços empresariais na primeira pessoa e como ela e as suas equipas aprenderam e foram melhorando processos com o passar dos anos. Já o Pedro mostrou como uma avaliação falhada pode ter resultados drásticos. Desde receber um iPod dos “ú dois” a uma passagem pelo posto da GNR. Histórias divertidas que hoje dão para rir.

Foi um dia bem passado com a partilha de falhanços. Parabéns à Sónia Fernandes pela ideia e espero que o (second ever) World Failurist Congress seja uma realidade.