A capa é do Correio da Manhã. “Suíços dão tacho de luxo a Sócrates”.

Sei que o Correio da Manhã gosta de títulos sensacionalistas, mas julgo que ainda é necessária licença para se publicar um jornal e que essa licença implica ter jornalistas como responsáveis pelo que o jornal escreve.

Tacho: Emprego rendoso; colocação que dá regalias e bom salário.

Se do ponto de vista do termo não há muito a apontar, todos sabemos o que “tacho” insinua. Que o Sócrates não tem capacidade para o cargo e foi apenas um bónus por algo não mencionado. Não é preciso ser jornalista para nos lembrar das boas relações que Sócrates conseguiu na América Latina, quando os jornais o apelidavam de caixeiro viajante (depois o aumento das exportações já foi pelas rezas do CDS). Alguém que tem boas relações na alta esfera política é sempre uma mais-valia para empresas que actuam nesses mercados. O Económico refere que Sócrates é presidente do conselho consultivo da Octapharma para a América Latina. Será um tacho ou uma boa contratação?

Na verdade este tipo de capas calha a todos. Há poucos dias o Correio da Manhã “noticiou” que as “amigas de Portas” também foram colocadas em Londres. O jornalismo prostitui-se todos os dias.

O problema destes títulos é que quando algo for realmente escandaloso, ninguém liga. Da mesma forma que já poucos ligam às birras dos jornalistas quando argumentam que são muito importantes para a democracia. Com capas destas, não fazem grande falta.